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Foto do escritorMarina Tipo Ruim

Sobre o despertar para a vida:


Tem vezes q vc odeia ter diabetes, e tem vezes q vc não se importa, e tem aquelas raras vezes q vc ama.

Eu tento, todos os dias, ter um raro momento de amor com ela. Nem sempre é possível, e é por isso que esses momentos são tão raros.

Pois bem, mas hoje eu me peguei pensando em como ter diabetes mudou a minha vida, e mudou quem eu sou. Eu nem sei como eu seria se fosse uma pessoa sem doença nenhuma.

A doença me faz diferente e eu gosto de ser diferente, sempre gostei, meu cabelo é azul, tenho tatuagens e piercings e sempre faço só o que eu quero. Ou quase sempre.

Eu convivo com a doença há tanto tempo que nem me lembro mais como eram os dias sem todos os cuidados, as vezes as minhas lembranças se confundem, e paro para pensar em uma aula de educação física ou uma viagem, mas sempre me vejo lá: usando a bombinha. Eu sei que não era assim, mas minha mente me engana.

Eu fiquei diabética com 16 anos: quase morte por cetoacidose, dias e dias no hospital, recuperação, choque, adaptação, assim como tantas histórias que se repetem nos prontos socorros pelo mundo. Mas eu acho que até os 16 anos eu não tinha ainda experimentado viver realmente sabe? Ter as minhas opiniões, minhas viagens criativas, meus amores pelos textos e pela vida.

Hoje me sinto mais viva, mesmo doente, me sinto muito mais viva, com sonhos, com planos, me vejo como uma pessoa super empreendedora, criativa, amiga, batalhadora. Eu me sinto iluminada, como nunca tinha me sentido antes dos 16, talvez pq eu nem tivesse consciência de q é possível se sentir assim.

Agradeço muito pela vida diabética que eu tenho. Não me falta remédios, nem conhecimento, nem acesso a informação. Enquanto eu me manter no controle fica + fácil encarar a montanha-russa doce da nossa vida.

Ter diabetes me fez conhecer pessoas maravilhosas, ter privilégios em determinados momentos, ser mimada pelos meus amigos e minha família, me possibilitou encontrar o dom da escrita, que eu amo tanto, me fez ler mais, me preocupar com os outros, me deu um sentido pra vida: ajudar quantas pessoas eu puder, levando informação sobre a doença. Se essa não é a minha missão na Terra, sinto muito, não vou parar esse projeto por carma algum.

Muita gente não vive o presente pq pensa no futuro, trabalha muito hoje em nome de um amanhã, planeja a vida que quer ter daqui 30 anos e eu nem sei se daqui 30 anos vou estar aqui...

Acho que despertei pra vida quando eu conheci a morte.....

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