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Foto do escritorMarina Tipo Ruim

Sobre a morte:


A gente sabe que ela existe e sabemos que existe dor, medo e muitos sentimentos envolvidos para quem fica aqui, vivo.

A gente escuta falar, a gente ouve por aí, a gente lê de vez em quando, mas a gente sempre pensa "comigo não".

Eu criei essa página para compartilhar os meus pensamentos, medos, experiências, raivas..Eu criei essa página para me ajudar a sobreviver a essa doença. Eu criei essa página para ajudar as pessoas a sobreviverem a essa doença. Eu criei essa página para compartilhar a minha vida com o mundo.......deixar um recado, deixar uma marca no universo, deixar textos tão profundos quanto tudo o que a gente sente todos os dias.

Hoje, esse texto está sendo escrito regado por lágrimas. Sinto o salgado do meu choro invadindo os meus lábios e esse me parece o sabor da morte. Salgada, pesada, ruim, molhada, fria.

A Sara Santos morreu. Cetoacidose, rins parados, pulmões que falharam e, ela morreu.

Se eu conhecia ela? Não. Mas é como se parte de mim morresse hoje, parte de mim morreu com ela. A morte dela me tocou, me chocou, me descarregou um monte de pensamentos sobre como estamos próximos da morte. Como podemos morrer amanhã, sem nem ao menos ter a chance de planejar ir embora desse mundo.

Não nos basta as dores, as picadas, os exames, as limitações, os cuidados, as hipos, os preconceitos, tudo isso não nos basta, é preciso também morrer? É preciso mesmo ter que morrer por causa dessa doença imbecil? Ela não lutou por 1 mês e meio no leito do hospital, ela lutou por 10 anos, todos os dias.

Ela morreu. Mesmo estando cheia de vida, mesmo tendo o brilho nos olhos, mesmo conhecendo a doença, mesmo cuidando, mesmo sendo feliz, mesmo tendo milhões de amigos, mesmo com tudo que ela ainda tinha pra viver. Ela morreu.

A gente tá mais perto da morte do que pensamos e do que imaginamos poder estar. Quando digo que pra gente o risco de morte é diário eu não estou exagerando, não estou sendo melodramática, não estou fazendo cena....

A Sara lutou, foi uma guerreira, e eu queria poder fazer alguma coisa além dessa homenagem à ela. Eu espero de coração que exista facebook no céu, e que ela tenha um ipad divino para ler isso tudo, e ler as milhares de mensagens dos amigos na timeline.

Sara, Vc foi linda. Vc viveu. Vc fez amigos. Vc foi feliz. E é isso que me consola.

Hoje, mais do que todos os outros dias da minha vida, vou aproveitar cada segundo ao lado de quem eu amo, vou abraçar meus pais, vou dizer pros meus amigos o quanto eles são importantes, vou viver intensamente a minha vida, vou lutar para continuar levando informação para as pessoas diabéticas, vou desenvolver produtos que tenham uma estampa da nossa luta diária, vou viver e lutar para que menos Saras morram.

Eu quero viver....e ela também queria.

Descanse em paz Sara. Agora vc achou a sua cura.

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