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Como foi escrever um livro?


ATENÇÃO, ESSE POST É GIGANTE. ESPERE TER VONTADE DO NÚMERO 2 PRA LER!

(Sim eu sei q todo mundo leva o celular pro banheiro, já foi cientificamente comprovado!)

Como foi lançar um livro?

Olha, eu iria ter q dizer que não foi nada demais. Pelo menos não deveria ter sido.

Uma semana antes:

Minhas amigas e todo mundo q eu falava “oi” já começavam a conversa com “caraca vc vai lançar um livro! Como vc ta se sentindo?” e a minha resposta sempre foi: tô normal, nada demais.

Eu não sei se pra mim o lance de escrever não eh e nunca foi uma coisa extraordinária sabe? Pra mim escrever é uma coisa tão simples e comum que não fazia o menor sentido toda a felicidade que o pessoal estava sentindo por mim.

Confesso que alguns dias antes da noite de autógrafos eu até cheguei a pensar “calma gente, é só um livro. Tem gente q faz coisas bem mais legais por ai…” Mas esse lance de não me importar e não dar valor a mim mesma é uma coisa que eu faço há anos, então tudo dentro do padrão Marina de ser.

Um dia antes: Recebi VÁRIAS mensagens das pessoas me perguntando se eu estava nervosa ou ansiosa e eu juro que não estava. Pra mim era só um evento, uma coisa normal. Legal é um livro, mas menos neh pessoal? Qualquer um escreve um livro, basta escrever e ter uma editora. Nada demais. Acho que entrar na USP é uma coisa muito mais legal e grandiosa do que escrever um livro, na boa. Meu interesse estava tão grande no evento que eu nem tinha escolhido a roupa que eu iria usar na noite de autógrafos. Fui com o meu namorado ao shopping para comprar uma blusa de frio mais novinha e não aparecer por lá com blusas de lã cheia de bolinhas, e do inverno passado! Hahaha!

Meu maior medo era esquecer alguma coisa útil para o dia do evento. Chequei as caixas que iam para a Cultura umas 10x, aparentemente tudo estava em ordem e dentro das caixas.

No dia do evento: Eu acordei meio cedo demais. Poderia ter dormido mais mas alguma coisa me fez levantar e checar as caixas mais uma vez, só por segurança. Cuidei do meu coelho, tomei café, e pintei as unhas. Meu cabelo amanheceu um horror e eu comecei a sentir uma leve pontada no estomago, parecia ansiedade mas pensei q pudesse ser alguma coisa q eu havia comido um dia antes.

Liguei pra minha mãe pra ela me ajudar com o lance do cabelo: não sabia se deixava preso, se fazia um escova, se usava um boné ou se raspava careca. Nessa altura eu já estava começando a ter uma leve caganeira de ansiedade. A gente saiu pra comer e passamos no salão de uma amiga dela para cortar a juba, foi então que a bomba apitou avisando que restava só mais um pouco de insulina, eu deveria reabastecer o reservatório para passar a noite bem. Chegamos atrasadas em casa e óbvio que nos trocamos e nos arrumamos correndo.

Enfiamos tudo no carro. Lembrei de pegar insulina e reservatório extras e pensei comigo “tudo certo, chegando lá na Cultura eu troco rapinho a insulina.”

Perfeito! O transito ajudou muito, não choveu, o clima estava perfeito e achamos um estacionamento super perto do lugar.

Nada poderia estar melhor!

Encontramos tudo facilmente. Eu cheguei por la e já havia um espaço reservado pra mim. Coloquei o livro no suporte de acrílico, banner no pedestal, brindes na mesa. Ótimo. Vou sentar e trocar a insulina. Quando coloco a mão no bolso da calça: MAE! ESQUECI A BOMBA EM CASA!

Sério! Eu SÓ não levei a bomba pro evento. Só isso! Esqueci a bomba: afinal pra que ela serve? Quem precisa disso? Eu? Eu não, eu estou curada! Kkkkkkkk Minha mae entrou em desepero, e me fez ficar desesperada, e dai a caganeira começou de novo, foi ótimo!

Cara mas meu santo é tão forte que eu liguei pro Sergio e ele ainda não tinha saído de casa. Óbvio que ele foi lá como um príncipe da diabetes, foi na vizinha (que por sorte tem uma cópia da chave da nossa casa), entrou em casa e revirou meu quarto em busca da bendita bomba!

“Marina onde está a bomba? Não to achando!”

“Errr. Então, não lembro: pode estar na cama, no banheiro, no armário, pode ser q eu joguei na roupa suja….nao consigo lembrar.”

Depois de uns minutos ele encontrou e foi correndo pra livraria me salvar! Kkkkkkkk

Sim, eu sou a pessoa mais cagada do mundo! Esse tipo de merda SEMPRE acontece comigo.

Esquecer a bomba me deixou nervosa, muito mais do q eu já estava.

Comecei a ficar impaciente e com muito medo de não ter ninguém por lá. Fiquei sentada na mesa e as pessoas passavam por mim, olhavam para o banner, olhavam para a minha cara, faziam uma cara de coco, e iam embora…..

Gente, isso não eh legal ta? Se acontecer com vcs, deem uma risadinha de consolo pro autor. Ele pode estar com medo, sem bomba de insulina, com caganeira….sejam simpáticos com os autores que vcs encontrarem por ai nas livrarias da vida….

Minha prima Fernanda chegou, em seguida a minha amiga Dani, que ia me ajudar na maquiagem, e depois a Rayssa com a sua filha Marina (nome lindo neh? Inspirado em mim. Mentira! Não foi…)

A sensação de que não iria aparecer ninguém foi diminuindo. As pessoas iriam sim até lá, principalmente meus amigos e minha família. Teríamos ali uma noite bem íntima com umas 20 pessoas, legal! Eu estava feliz.

Depois uma grande amiga, a Ligia, chegou com sua mãe, me trazendo um buque LINDO de flores. Foi muito especial vê-la ali. Ela foi uma pessoa que me deu muita força para escrever o livro, então foi importante ter a presença dela ali reforçando o apoio q eu já sabia q ela me daria.

E eu não sei como, nem porque, nem em que momento que se formou uma fila. Cara e não era uma filinha, era uma fila grandinha até. Era uma filha grandinha de uma livraria, e não era qualquer livraria Cultura não. Era a Cultura do Conjunto Nacional. Pá! Dai o bicho pegou. A ficha começou a cair.

O Sérgio chegou trazendo minha bomba e eu mal conseguia colocar o cateter na bunda sozinha. Foi então que começou a cena mais engraçada da noite: uma leitora, a Roseley, me ajudou a colocar a bomba na bunda! (Obrigada querida! Vc foi ótima! Huahauhau)

E depois disso a coisa só foi ficando mais legal, mais encantadora e mais surpreendente! Cada pessoa q eu via na fila eu me surpreendia com a presença.

Foram amigos de longuíssimas datas. Pessoas q eu não via há anos! Amigos queridos, tios, primos, gente do trabalho, do ex trabalho, da faculdade e até do COLÉGIO estavam lá! Foi muito especial e muito impagável!

Eram rostos conhecidos, diferentes e mudados pelo tempo mas totalmente reconhecíveis. Mas do nada começaram a aparecer rostos nunca vistos antes!

Sim! Eram leitores!

Pessoas que estavam ali não só porque gostavam de mim, mas porque realmente LIAM as coisas q eu escrevia no blog.

Foram pessoas que eu já havia conversado no chat ou por whatsapp, mas tbm pessoas q eu nunca tinha tido nenhum contato! Isso foi começando a me dar uma noção bem vaga do que realmente estava acontecendo ali. Aquele evento não era um evento de lançamento para os meus amigos e meus familiares: tinha gente que eu não conhecia ali fila. Pessoas que realmente admiravam o meu trabalho, tiveram vontade de sair da casa delas numa sexta meio chuvosa, no transito, para me conhecer, me ver, me tocar, falar que gostavam dos meus textos. FOI SURREAL.

A coisa ficou mais feia ainda quando minha prima chegou de canto e disse “Mah, fica espera q falta só 40 minutos para acabar e a fila está descendo a escada da livraria, vai mais rápido ai….nao assina os livros dos seus amigos mais chegados e nem dos tios, esses vc assina depois. Só tira a foto com eles.”

OI??????????????? COMO ASSIM? COMO ASSIM A FILA ESTÁ DESCENDO A ESCADA?

Quando eu me dei conta de que era verdade eu fiquei em estado de completude!

Sim! As pessoas estavam ali para me ver. E era uma fila gigante! Eu fiquei tao cega de emoção que passei a olhar sem ver, sabe como funciona isso? Vc olha para os lugares e para as pessoas, vc não sabe nem o que esta vendo. Foi uma loucura.

Encontrei pessoas que me fizeram chorar, outras q me fizeram rir. Meninas lindas que estavam emocionadas por me ver pessoalmente, um carinho e uma energia tao gostosa q eu soh queria que aquele momento durasse uma eternidade e meia!

Todas as pessoas que foram até lá fizeram a minha vida mais feliz. Eu queria poder ter ficado pelo menos 10 minutos com cada uma delas, conversado, sentado numa mesa e tomado um café gostoso sabe? Queria saber da vida delas, queria ouvir o q elas sentiam pelo blog, o q achavam de tudo aquilo. Mas o tempo era curto demais! Tive que começar a só fotografar com alguns amigos e familiares sem nem assinar o livro deles, porque dessa forma eu conseguiria atender com certeza as pessoas que eu não via com tamanha frequência. Já peço desculpas publicamente para todos os amigos que não tiveram seus livros assinados naquela noite. Me comprometo a combinar jantares e cafés para me redimir!

Os moços da liraria pressionavam a minha mae, pedindo q eu acabasse o atendimento aos leitores por causa do horário, mas eu iria atender todo mundo, pelo menos tirar uma foto, nem q fosse do lado de fora da livraria. Seria um disparate não falar com todo mundo!

Passei 45 minutos do horário estabelecido mas falei com TODO mundo que estava ali. Abracei, tirei fotos e curti os 3 minutos com cada pessoa. Foram os 3 minutos mais incríveis da minha vida com cada um q esteve por lá.

Mas o ápice da noite foi a Vitoria. Meu primo me chamou e disse “Tem uma menina chorando na fila, ela não para de chorar cara, vc eh muito famosa.”

Eu não conseguia ver nada de onde eu estava, mesmo pq eu estava sem óculos então eu realmente só via as 3 pessoas q estavam literalmente na minha frente…

Fui atendendo as pessoas conforme a fila ia andando e de repente chegou a vez dela. Ela agarrou minha cintura e começou a soluçar. Ela não chorava, ela soluçava. E entre lágrimas de felicidade ela dizia “Eu amo vc, vc eh uma inspiração pra mim, eu amo seu blog e seus textos”. Tem como conter as lágrimas numa cena dessa? Não consigo contar essa história para as pessoas sem chorar novamente. Enquanto escrevo esse post já caiu uma ou duas lágrimas de novo, acho que vou chorar toda vez q me lembrar daquele momento.

Ela tremia, me abraçava, ficava imóvel, depois chorava. Ela não sabia o que fazer ou como agir. E nem eu sabia. Ficamos ali abraçadas por uns segundos chorando nosso choro de conquistas. Ela por ter me conhecido, e eu por ter a conhecido. Conquistamos duas coisas iguais, ao mesmo tempo, e com a mesma intensidade.

Todo mundo da fila chorou: a amiga fotografa, minha mãe, minha prima, meus amigos. Foi uma comoção geral. Borramos a maquiagem, ficamos com o nariz escorrendo, foi lindo de ver e nojento ao mesmo tempo! Hahahha!

(se alguém tiver filmado esse momento, por favor, me mande o vídeo)

E foi com ela, só na vez dela q eu percebi o q eu estava fazendo ali.

Eu não estava lançando um livro. Eu estava tocando as pessoas. Eu estava contando a minha história para as pessoas, estava falando sobre coisas q ninguém fala, colocando em formato de letras o que todo mundo quer falar e não consegue. Eu estava inspirando meninas. Estava trazendo paz para as mães, estava deixando uma marca no mundo. Eu estava sendo responsável por muitas Vitorias.

A mãe dela foi uma fofa, a Fabiana. Ela levou a filha dela até lá pra me mostrar o q eu não estava vendo. Escrever um livro realmente não eh nada. Mas escrever um livro que consegue trazer tanta emoção para as pessoas, isso sim é digno de se orgulhar.

Depois da Vi eu consegui perceber que a minha missão na Terra está só começando e a energia dela me deu uma carga de animo que fazia muito tempo que eu não sentia.

A fila estava tao grande que as pessoas chegavam lá dizendo, “estou na metade do livro e não vou embora enquanto eu não acabar pq eu não quero parar de ler!” ou “eu tive q parar de ler pq senão ficaria um homem desse tamanho chorando na fila” ou “acabei de ler seu livro e eu queria dizer que te respeito por tudo q o aprendi hoje com ele”.

Esse livro não foi escrito pra mim, e acredite também não foi escrito para os diabéticos. Ele foi escrito para os pais de DMs, para os amigos, namorados, para as pessoas conseguirem entender a gravidade da nossa doença. Eu quero que as pessoas entendam que é sim um saco ter diabetes mas que “vai ficar tudo bem” (viu mãe da Giu!?).

Ter diabetes tipo 1 ou 2, tipo lada, mody, gestacional, não importa. Todas elas são tipo muito ruim de se ter, mas com sabedoria e com coragem vamos seguindo nossas vidas da melhor forma possível.

Vou me dar o direito de roubar uma frase do meu próprio livro para terminar esse post:

“Os dois dias mais importantes da sua vida são o dia em que vc nasceu e o dia em que vc descobriu porque.” Mark Twain

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