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Foto do escritorMarina Tipo Ruim

Qual é o melhor tratamento para o diabetes?


Afinal, qual é o melhor tratamento para o diabetes hoje em dia?

Essa é a pergunta que eu mais recebo nas redes sociais. O número pessoas que me procuram para saber quais são os lançamentos do mercado, quais são as novas insulinas, novas bombas, o que temos de sensores no mercado. Nossa! É realmente muita coisa para conseguir acompanhar né? Sim! Só que os últimos lançamentos do mercado do diabetes não significam melhores tratamentos.

Isso mesmo, você não leu errado! Tecnologia serve para nos ajudar a cumprir tarefas de uma forma mais eficiente e para fazermos as mesmas coisas, porém de uma maneira mais fácil, concordam? Mas e se você não se adaptar a uma nova tecnologia? Ou se você não tiver acesso a ela? Significa que seu tratamento está comprometido? Isso seria uma sentença cruel de descontrole? Eu acredito que não.

Sou usuária de bomba de insulina há 12 anos e vou te contar porque a bomba foi prescrita pelo meu médico. O meu tratamento era composto por monitorização glicêmica via capilar e a aplicação de múltiplas doses de insulina, alimentação balanceada, atividade física e contagem de carboidratos. Mas o meu controle era péssimo e eu comecei a perder muito peso simplesmente porque não cumpria meu papel.

Se eu comesse, eu não aplicava a insulina de correção, deixando a glicemia alta. Fazia isso por preguiça, por esquecimento, por relaxo e por não me amar. Entendia o perigo da glicemia constantemente alta, então tomei uma “sábia” decisão: não iria mais comer! Pronto! Passando horas sem comer, eu não precisaria me picar, minha glicemia não iria ficar tão alta e ficaria tudo maravilhoso. Só que não!

Perdi tanto peso que meu médico ficou extremamente preocupado. Foi aí que ele sugeriu o teste com a bomba. Ele acreditava que para mim, como paciente que não cumpria os deveres do tratamento, a bomba ajudaria a não esquecer as doses de insulina e diminuiria muito a preguiça de aplicar após as refeições, pois seria “apenas” apertar um botão.

Obviamente que tendo acesso a um tratamento com tamanha tecnologia, meus resultados seriam gradativamente melhorados, chegando em um ponto de melhoria significativa. Era esse o plano! Colocamos a bomba, fui treinada, aprendi a contagem de carboidratos usando a bomba e tudo estava realmente progredindo muito bem. Até que chegou o resultado dos meus exames, exatamente 4 meses após a instalação da bomba e o choque: EU ESTAVA MUITO PIOR.

Como assim? Porque? Tudo parecia indo tão bem! Realmente eu havia ganhado peso, mas a minha variação glicêmica e hemoglobina glicada estavam MUITO piores.

O médico não entendeu nada, meus pais ficaram muito frustrados e eu só me sentia pior do que antes. Começamos a perceber que: com a facilidade de tomar a insulina sem picadas eu comecei a comer descontroladamente e por isso ganhei peso. Eu poderia comer desenfreadamente que bastava apertar um botãozinho e a insulina seria injetada discretamente.

Só que sabe quantas vezes eu comi e não apertei o botão? MUITAS. E porque eu não fazia isso? Por um problema emocional que custou a ser percebido, enxergado e aceito por mim, pelo meu médico e até pelos meus pais. Tratávamos a doença física e não tratávamos a doença emocional. Do que adiantou tamanha tecnologia? De nada. Conheci então uma menina chamada Marta, que usava a terapia de múltiplas doses, um tratamento considerado convencional, e a glicemia dela estava bem melhor que a minha, que usava a mais recente tecnologia para o tratamento do diabetes do mundo!

Comecei a me questionar porque ela, sem ferramentas que eu julgava serem adequadas conseguia um bom resultado e eu, praticamente com uma Ferrari na mão, não conseguia ganhar a corrida? Simples. Porque eu não sabia dirigir. Adianta ter uma Ferrari se você não faz a menor ideia de onde está o pedal do acelerador ou o volante? Até mesmo uma bicicleta vai passar na sua frente desse jeito.

Procurei ajuda médica, fiz terapia, conheci pessoas, frequentei associações e aprendi que o melhor para mim e para o meu tratamento era ACEITAR. Enquanto eu não aceitasse de verdade a minha condição, eu poderia ter até uma espaçonave que nenhum resultado daria certo.

Hoje eu entendo que a tecnologia vem cada vez mais para facilitar o nosso dia a dia, mas acima de uma escolha tecnológica é preciso entender que a aceitação da doença é o melhor tratamento do Diabetes. ACEITAR a doença é o primeiro passo! ACEITAR o tratamento indicado é primordial para se ter resultados. A bomba de insulina ou o sensor não são o seu milagre! Muito cuidado para não depositar todas as suas expectativas em equipamentos. É preciso acreditar em você em primeiro lugar.

O melhor tratamento para o Diabetes é aquele que funciona para você! Investigue e avalie os motivos do seu descontrole. Eu posso te garantir que muitas vezes o problema não está no método usado para gestão da sua glicemia, às vezes o problema está dentro de você. Procure ajuda médica especializada para aceitar o Diabetes em sua vida e na sua rotina, só assim você estará realmente apto a correr dirigindo uma Ferrari novinha.

Marina, DM1 há 18 anos e escritora do @diabeticatiporuim

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